quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Frase que veio do nada:

Todos conhecem os percalços do amor, mas ainda sim nunca ninguém se cansa de amar.

Depois dessa me disseram que eu deveria ser poeta em vez de advogado. Eu disse de súbito: o advogado é um poeta!

Fiquei quietinho, pensando, e só pude chegar à conclusão de que eu sempre complico tudo.

Ri.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

cotejo de realidades

Pude, de verdade, vivenciar a existência de dois mundos. Dois mundo paralelos e não tão distantes.

No primeiro mundo, o elemento que existia era um boteco pequeno, apertado e com um aspecto sujo. As ruas eram iluminadas por uma luz fosca, amarelada, quase não-luz, mas que propiciava a mais bela das conversas e das gargalhadas. Era muito curioso o fato de todas as pessoas se conhecerem. Todos, absolutamente todos que chegavam no bar tinham um apelido qualquer. "Fala, zé perrela", dizia Chico. "Alá! O capitão do navio fantasma!", dizia Toninho. O contato humano era tão intenso e tão agradável ... Marcante! Quanto as pessoas precisavam sentir isso, pensei.

A essa altura, imaginei o que se passava no segundo mundo. Aqui, diferentemente do primeiro, havia um grandioso bar. Bar chique. Coisa de fino. O maior contato humano é o aperto de mão. Um suado aperto de mão. Em vez das alegrias sob a luz amarelada, a preocupação com o flanelinha, ávido por olhares. Em vez dela, da luz não-luz, amarelada que só, um foco desmedidamente brilhante, que impede o contato olho-olho entre as pessoas. Tudo frio. De gozo rápido. São tantos apetrechos, tantos aparatos, que talvez o cenário, que era pra ser de humanos, acaba virando um cenário de belos fantoches arrumados.

Pensei seriamente nessas duas realidades. A primeira delas tão viva, tão alma; a segunda, tão morta, tão sombra.

Preferi, naquele instante, o primeiro mundo. Fiquei, então, ali. Sentado em uma roda de amigos desconhecidos, ouvindo sambas antigos, tomando cerveja, fumando um cigarro esporádico lá e cá. Feliz. Sinceramente feliz. Marcado por aquela emoção toda; aquela simplicidade que fala; aqueles risos que ecoam.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Um epílogo sobre a tragédia, o renascimento e a arte

Há pouco um vínculo amoroso se rompeu e, quando nem me dei conta, já tinha sido levado pela flor de um outro amor. Esse amor representava pra mim uma utopia. Uma bela utopia. Um lugar nenhum que eu queria muito, mas muito mesmo conhecer. Esse meu novo amor me roubou; deixava-me extasiado, ansioso, eufórico, bonito, amante. E tudo isso porque nunca tive a certeza se a intensidade com que eu amava era a mesma com que eu era amado. Talvez a minha atração tenha se dado exatamente por isso: eu não sabia o que iria acontecer; não conhecia os caminhos. Aliás, será que amamos mais quando não sabemos ao certo o que a outra pessoa quer de nós? Será mesmo que esse jogo do amor funciona? Será mesmo que quando a mesa está posta, à mostra, faz-se desdém da comida? Só sei que roubaram o meu coração, meus amigos. Eu estava mergulhado; submerso; e o que é pior: sem proteção alguma. Amando com um coração de criança. Amando com uma candura divina.

Eis que, certa noite, tomo um tiro no coração. Um tiro muito bem dado no coração. Cheguei a morrer por alguns instantes. Só quis ir embora, ainda morto. Esquecer de tudo. É tão difícil olhar pra frente. É tão difícil, pra mim, não ser filosófico! Que alto preço eu pago!

Depois da morte e do renascimento, dei-me conta de que estou só. Eu e minhas ideias; eu e meus pensamentos; eu e meus queridos e amáveis filmes; eu e minhas leituras; eu e a mais bela discussão filosófica; eu e o violão! Ah! O violão! As belas canções que me aliviam a alma e a angústia, por tudo ser tão difícil assim.

Neste exato momento, cheguei a duas conclusões: como profetizara Gil, "preciso aprender a só ser"; a segunda conclusão é, e admito que preciso dizer mais isso, por soar pra mim, agora, como a maior das verdades: SÓ ME RESTA A ARTE!