- um rabo salgado, por favor.
Já tinha esperado muito tempo na fila. Saco. Ninguém gosta de esperar. Ainda mais quando se espera para pedir um "rabo salgado". É coisa de mãe.
Depois do pedido, aquele desolador vácuo no infinito. É. O silêncio. Aquilo que te persegue quando alguém entra no elevador, travando sua respiração e fazendo você olhar pras mãos. - Aliás, esse vácuo que se abre é o reconhecimento de nossa existência, mas isso fica pra outra postagem -. Não resisti, e mandei:
- Hoje tem flamengo, né? - preciso ser chato e repisar a ideia de que a falta de assunto, corporificada no silêncio, é, não raro, o "ente" mais coator que pode existir.
- É. É hoje.
- Você é flamengo? - perguntei
- Mengão, sempre. Tá aqui a carne.
- Brigado.
Açougues e elevadores: ambientes, inobjetavelmente, e por natureza (!), desconcertantes.
caro Sr. Anônimo, ou melhor, Sr. Pós-modernidade, mas que belos contos o senhor escreve! Creio já ter sido leitora deste autor. Ou me engano?
ResponderExcluir